De toda água disponível no planeta, 97% se encontram nos mares e
oceanos e, portanto improprias para uso humano, sem dessalinização. Apenas 3%
são aguas doce. Dessa pequena porcentagem, pouco mais de 2% estão nas geleiras
e, portanto, menos de 1% de toda água do mundo está disponível para consumo.
O Brasil tem uma
situação privilegiada, porque 12% dessa água estão em nosso território. Ocorre
que desse percentual, sua maior parte, aproximadamente 80% se concentra na
Amazônia, cuja principal característica é sua baixa densidade demográfica e
pouca demanda para a utilização dessas águas.
Por outro lado, em nossa
região do Semiárido, mais de 24 milhões de habitantes enfrentam uma realidade
distinta, com períodos críticos de prolongadas estiagens.
Desde que chegamos aqui
em MahaBhumi há dez anos, que a média pluviométrica anual é em torno de 600 mm
de chuvas. É bom lembrar, que o nosso município encontra-se numa zona de
transição, Mata e Agreste. Por conta disso, o município é contemplado com
alguns programas governamentais para reduzir os efeitos da seca. Em 2012,
encontramos essa área que corresponde a cerca de nove hectares totalmente
degradada, e cujas nascentes e cacimbas havia desaparecido da paisagem e também
havia certa desilusão de seus habitantes antigos, de que as águas teriam ido
embora desse lugar, inclusive desvalorizando o custo da terra.
Iniciamos com um
conjunto de ações integradas. Plantando árvores, abrindo pequenas cacimbas,
pequenas barragens, inclusive uma barragem subterrânea – ideal para esse tipo
de clima – porque no verão reduz a evaporação (grande parte das águas de
barragens secam no verão pela incidência direta do sol), construímos caixas
d’água, utilizando técnicas da bioconstrução interligando com calhas dos
telhados, pequenos lagos ao redor das casas e cuidamos de construir filtros
biológicos para devolver essas águas utilizadas ao sistema dentro de um teor de
limpeza compatíveis com as melhores práticas ambientais.
Outra ferramenta que
construímos aqui foram dois sanitários compostáveis. Consideramos essa, uma
maneira revolucionária de depositarmos nossos dejetos. Através de um
design que inclui desde uma câmara de compostaveis, que utiliza as fezes
humanas (nitrogênio) e um pouco de cinza ou pó de serra (carbono). Essa mistura
dentro dessas câmaras, aquecidas através de uma placa de zinco pintada de preto
e construída virada para o norte e ou oeste da paisagem, aquece esse material
em até 70% graus, queimando todos os patógenos prejudiciais a saúde em uma
semana. Os odores são sugados, por uma chaminé de até 4 m de altura, de maneira
que esses sanitários não têm cheiro e nem cor, constituindo uma das técnicas
mais eficazes em ambientes onde se precisa economizar água potável,
principalmente em usos de grande escala, como escolas e locais com grande fluxo
de pessoas.
A nossa decisão de
cultivar alimentos de maneira Biologicadinamica, aliada ao reflorestamento além
de “plantar água” tem gerado grandes benefícios para todo o sistema,
principalmente mantendo limpo nosso lençol freático, trazendo de volta a
vegetação nativa, e com elas todas as espécies de polinizadores, criando ciclos
cada vez maiores de chuvas no entorno e com elas, a nossa abundancia de água.
Feliz sábado,
MahaBhumi, 27 de agosto
de 2022
Valter França @mahabhumi
Feliz sábado,
MahaBhumi, 27 de agosto de 2022
Valter França @mahabhumi
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